sábado, julho 18, 2020

República de Guerra Fria

O desconforto inicial do pós II GG evoluiu para um antagonismo cada vez mais declarado. O imperialismo soviético esbarrou com os interesses do imperialismo ocidental e o mundo polarizou-se. Comunismo e Capitalismo, os sistemas sócio-econômicos entraram em choque.

No Brasil, a antiga geração de militares positivistas, formadora das novas gerações do oficialato, não abandonou o sentimento de herdeiros do Império como elite dirigente. Essa nova geração, egressa da Academia do Realengo, participou da II GG sob comando estadunidense, no V Exército comandado por Mark Clark. Recebeu deles tudo. Suprimentos, missões e ordens. Incorporou, até por subordinação, admiração pelos Estados Unidos e sua cultura. Num ambiente de guerra, de sua cultura militar.
O alinhamento na Guerra Fria foi uma decorrência natural, eram os antigos aliados e comandantes, havia uma elite ainda mais elite que a tupiniquim, nada mais adequado que dessem as cartas. Militares americanófilos, por subordinação intelectual, adotaram o comunismo como inimigo da ordem e do progresso, tal e qual seus antecessores remotos haviam adotado o restauracionismo na Primeira República.

Novas gerações do oficialato foram formadas assim com os conceitos residuais do positivismo acrescidos agora do anticomunismo.
Do positivismo vieram o repúdio à democracia e a incapacidade civil de fazer suas escolhas, haveria que ser tutelada.
Da Guerra Fria, o comunismo como ameaça a ser combatida, até por seu apelo popular de engajamento.
Essa geração comandou o golpe de 1964 e refundou mais uma vez o Brasil com a Constituição de 1967 que, a par de  incorporar a participação popular, aumentava o poder central.

1964 chega com uma novidade chocante. Pelo AI 1, a chamada Revolução legitima-se a si mesmo como poder constituinte, refundando o Brasil conforme a legitimidade que se autoconcedeu.
O positivismo residual surge com força, pois é a elite, no caso os militares, o ente capaz de determinar o rumo do País conforme seus próprios conceitos. Daí a sequência de Atos Institucionais serem justificados per si.
Durou 21 anos dessa vez e só caiu porque a Guerra Fria havia acabado de fato e novos ventos liberalizantes surgiam num mundo interconectado monopolar..
E a nova geração do oficialato foi formada nesse período pelos egressos da Guerra Fria num mundo bipolar. São os generais atuais.


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