sábado, agosto 08, 2020

Lambe-Lambe de Quartéis

No Cerrado em época de seca, há um inseto alado bem pequeno, conhecido como Lambe-Lambe, que gosta de pousar nos braços para lamber o suor pelo sol inclemente. Ágil, dificilmente consegue-se afastá-lo com um tapa. Não pica, mas perturba. Por vezes assenta-se próximo aos olhos e boca também, aí fica muito desagradável..
Por que cito essa mosquinha? Por que parece Bolsonaro em quartéis.

Às vésperas do número de 100 mil mortos por COVID, como se nada mais tivesse a fazer, desloca-se com comitiva de Brasília para São Vicente, pasme-se, para almoçar no 2 Batalhão de Infantaria Ligeira. Até São José dos Campos, em avião, de São José a São Vicente, de helicóptero.
Almocinho caro esse, a pretexto de receber o título de cidadão honorário.
Essas visitas a quartéis, nessa frequência, nem nos governos militares da ditadura se viu.
Alguma Universidade já foi visitada por Bolsonaro? Um Centro de Pesquisa? Em alguma escola pública já teria ido para almoçar com oa professores? Não que eu saiba.

Com certeza não é por saudade do ambiente de quartel - onde foi um péssimo oficial a ponto de quase expulsão com cassação de patente. Nem com saudade de ver demonstração de ordem unida, de meios-fios caiados e árvores com cuecas brancas.
Cultiva Bolsonaro simplesmente a proximidade com a tropa, com seus verdadeiros eleitores e possível sustentáculo a suas aspirações ditatoriais.
Cultivo esse cada vez mais necessário à medida em que seus generais, muitos por falso pudor, dão um passo atrás no apoio incondicional às barbaridades que pretende e à demolição nacional em sua agenda econômica, pois seu envolvimento na corrupção miliciana já é tão evidente e provada que o discurso falso-moralista desmoronou. Ninguém, nem o mais ambicioso general, gostaria de ser exposto como cúmplice.

Resta-lhe ser lambe-lambe de tenentes-coronéis.