sexta-feira, janeiro 07, 2022

Um pouquinho de História.

O golpe militar de 1964, desencadeado pela Alto Comando do Exército com
origem na FEB, refletiu uma cultura subalterna e americanófila, semeada na subordinação ao V Exército, na dependência de suprimentos básicos, consolidada no alinhamento automático na Guerra Fria, na doutrinação da oficialidade em coisas como Escolas das Américas, nos conceitos e instruções antiterroristas, inclusive centros de tortura, onde terroristas eram todos os que discordavam do alinhamento e subordinação aos interesses regionais e globais estadunidenses.

O golpe militar também incorporou na cultura castrense o supremacismo sobre a sociedade civil. O positivismo elitista do golpe que
nos trouxe a república e ainda com resquícios nos quartéis ganhou força e sobrevida,  em especial porque os militares de todas as patentes e graduações ocuparam posições não militares em todos, absolutamente todos, órgãos da administração pública direta e indireta. Virou uma fonte extra de rendimentos e inoculou o vírus do dinheirismo nas fardas. O que era vaidade e arrogância virou vaidade e arrogância meritocrática e argentária neoliberal a partir dos anos 70.
A formação dos oficiais das sucessivas gerações desde então refletem esses conceitos: vaidade, arrogância supremacista, acrescidos de um conceito falho de meritocracia e contaminado pelas teorias neocapitalistas.

Bolsonaro é da geração 70. Também uma boa parte dos hoje considerados “marechais”, generais já reformados e que lhe foram contemporâneos e que hoje dão a sustentação ao governo.

Bolsonaro, ao contrário que que muita gente insiste em dizer, não foi expulso do Exército. Foi considerado indigno ao oficialato pelo Conselho de Justificação que examinou e julgou seus atos de planejamento terrorista de explosões em quarteis e suprimento de água à população (colocando culpa em esquerdistas) e de insubordinação, no comando de uma reivindicação salarial, onde até contingentes de mulheres de oficiais – eles estavam sujeitos ao Regulamento, elas não – saíram batendo panelas em passeatas e em frente a Unidades Militares.
No entanto, foi absolvido em recurso ao STM, tribunal superior corporativo. Naquele instante de redemocratização, não queriam expor um oficial como terrorista. Já bastavam as evidências no Riocentro e do capitão Machado e sargento Rosário, esse falecido, o primeiro mutilado no atentado frustrado.
Com a carreira encerrada de fato, viu na política sua alternativa. Candidatou-se a vereador pelo Rio de Janeiro com o apoio enrustido de todas as guarnições da Vila Militar que, a tempo que fingiam desaprovar-lhe os atos, internamente aplaudiam e fizeram dele seu líder sindical in pectore.
Eleito, foi aposentado, conforme determina a Constituição e as leis pertinentes.

E veio a redemocratização, encontrando-se o país endividado, desarticulado e precisando ser repactuado. O que foi feito com a Constituição de 88 e com o retorno de fato dos militares aos quartéis.

continua http://fregablog.blogspot.com/2022/01/25-anos-de-democracia.html