Um pouquinho de História.
O golpe militar de 1964, desencadeado pela Alto Comando do Exército com
origem
na FEB, refletiu uma cultura subalterna e americanófila, semeada na
subordinação ao V Exército, na dependência de suprimentos básicos, consolidada
no alinhamento automático na Guerra Fria, na doutrinação da oficialidade em
coisas como Escolas das Américas, nos conceitos e instruções antiterroristas,
inclusive centros de tortura, onde terroristas eram todos os que discordavam do
alinhamento e subordinação aos interesses regionais e globais estadunidenses.
O golpe militar também incorporou na cultura castrense o supremacismo sobre a
sociedade civil. O positivismo elitista do golpe que
nos trouxe a república e
ainda com resquícios nos quartéis ganhou força e sobrevida, em especial porque os militares de todas as
patentes e graduações ocuparam posições não militares em todos, absolutamente
todos, órgãos da administração pública direta e indireta. Virou uma fonte extra
de rendimentos e inoculou o vírus do dinheirismo nas fardas. O que era vaidade
e arrogância virou vaidade e arrogância meritocrática e argentária neoliberal a
partir dos anos 70.
A formação dos oficiais das sucessivas gerações desde então refletem esses
conceitos: vaidade, arrogância supremacista, acrescidos de um conceito falho de
meritocracia e contaminado pelas teorias neocapitalistas.
Bolsonaro é da geração 70. Também uma boa parte dos hoje
considerados “marechais”, generais já reformados e que lhe foram contemporâneos
e que hoje dão a sustentação ao governo.
Bolsonaro, ao contrário que que muita gente insiste em
dizer, não foi expulso do Exército. Foi considerado indigno ao oficialato pelo
Conselho de Justificação que examinou e julgou seus atos de planejamento
terrorista de explosões em quarteis e suprimento de água à população (colocando
culpa em esquerdistas) e de insubordinação, no comando de uma reivindicação
salarial, onde até contingentes de mulheres de oficiais – eles estavam sujeitos
ao Regulamento, elas não – saíram batendo panelas em passeatas e em frente a
Unidades Militares.
No entanto, foi absolvido em recurso ao STM, tribunal superior corporativo.
Naquele instante de redemocratização, não queriam expor um oficial como
terrorista. Já bastavam as evidências no Riocentro e do capitão Machado e
sargento Rosário, esse falecido, o primeiro mutilado no atentado frustrado.
Com a carreira encerrada de fato, viu na política sua alternativa.
Candidatou-se a vereador pelo Rio de Janeiro com o apoio enrustido de todas as
guarnições da Vila Militar que, a tempo que fingiam desaprovar-lhe os atos,
internamente aplaudiam e fizeram dele seu líder sindical in pectore.
Eleito, foi aposentado, conforme determina a Constituição e as leis
pertinentes.
E veio a redemocratização, encontrando-se o país endividado, desarticulado e
precisando ser repactuado. O que foi feito com a Constituição de 88 e com o
retorno de fato dos militares aos quartéis.
continua http://fregablog.blogspot.com/2022/01/25-anos-de-democracia.html
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