Governo Militar Neoliberal
O Governo Militar Neoliberal dá uma sequência ao planejamento de ocupação do poder político.
O jogo de cena é montado para criar os antagonismos necessários ao enredo com três elementos fundamentais em qualquer roteiro.O ofensor, o defensor e o ofendido. Papéis bem definidos, ao Mito cabe o papel do ofensor, aos militares o de defensor e à sociedade democrática o do defendido.
Em poucos meses o Mito começa a promover seus discursos golpistas, atacando diretamente os outros poderes, outras lideranças, outras instituições.
O ofendido fica pasmo. De um lado sofre intenso bombardeio de lawfare que lhe desnorteia e tira o rumo, sem sequer ter tempo de entender e refutar. Seja pela atuação fraudulenta e parcial da perseguição judicial prendendo suas principais lideranças, seja pelo apoio midiático aos acenos neoliberais, seja pela milícia digital, dito gabinete do ódio, capaz de uma geração fecunda de notícias falsas, parciais, incitadoras de ódio, em quantidade de atropelo, de avalanche, impossibilitando qualquer contestação.
No primeiro
ano em que as instituições e outros poderes foram atacados diretamente pela
claque mobilizada pelo Mito, algumas luzes amarelas foram acesas em gabinetes
na Esplanada. Os escalões militares foram prestos a intervir acalmando e
declarando que não pactuavam com golpes, num exercício permanente de um pé no
cais, outro no barco.
Para assegurar a lealdade da caserna, criaram uma reforma previdenciária
específica e generosa, além de ganhos salariais. Milhares de funções civis
foram também ocupadas por militares, até como forma da tropa se sentir
governando. Como era na ditadura.
A agenda neoliberal caminhou, a destruição da rede de proteção social
destruída, sucateamento acelerado da Petrobrás, incentivo ao armamento da
população com foco especialmente em armas de guerra, o que favorece milícias
para-militares e as próprias milícias do crime organizado. Nos dois casos,
apoiadores do Mito.
O Brasil joelha-se e se submete diretamente ao governo estadunidense. Um
general ocupa um cargo de subcomandante da Força tarefe estadunidense do
Atlântico Sul. Como garantia.
O Brasil se dispõe a ser o braço da política imperialista estadunidense na
América do Sul.
Tudo conforme o planejamento dos militares em negociação para o apoio, caso
necessário.
Os militares afastaram uma facção deles próprios do governo. Esse descolamento
era necessário porque precisariam aparecer como defensores da sociedade e da
democracia, caso contrário o enredo não se cumpriria.
O papel do
ofensor estava bem executado. O ofendido atropelado. O defensor aguardando ser
chamado.
Ficou clara a armação até aqu? Então vamos ao que deu errado para os planos
golpistas.
Em 2020
surge a pandemia. Séria, avassaladora. O Mito tenta desqualificá-la, o Estado
Maior de seu governo sabe e entende que era uma nova variável imprevista e
sobre a qual não tinha controle.
Os planos de demolição do SUS, da agenda neoliberal esbarra em UTI
superlotadas, falta de tudo e qualquer coisa. Inventam um paliativo com o
conhecimento de sua inefetividade, a tal da cloroquina, à qual o Exército se
dispõe a fabricar já no exercício do papel do defensor.
O morticínio aumenta a pauta da extrema direita mundial se opõe a medidas acautelatórias,
o presidente, no papel do ofensor, procura expor a maior quantidade possível de
pessoas pelo seu exemplo.
Joguinho. Ele ofende com o comportamento, o Exército defende com a cloroquina.
Parece brincadeira, mas foi verdade.
O primeiro Ministro da Saúde, percebendo esse jogo mórbido, se mandou. O
segundo também.
Para não correr mais riscos de desgaste, optaram por um general da ativa e
militarizaram todos os andares do ministério.
A indicação de um militar da ativa necessita a autorização específica do
comandante da Força e a anuência do Ministro da Defesa.
O ministro da Defesa era o general que havia sido colocado como monitor do
presidente do STF no governo Temer. O da Força, também contemporâneo do Mito,
coincidência rs.
O general-ministro fez todo o jogo negacionista e com seu péssimo desempenho,
inoperância de sua equipe e fortes suspeitas de corrupção, conforme relatório
da CPI – ah, a CPI foi mais uma coisa que não estava nos planos militares – e
que já estão sendo objeto de inquéritos no MP, face à robustez dos indícios de
crime. Esse conjunto comprometeu o papel do Exército como o mocinho defendendo
a sociedade do bandido.
Tiraram o general gorducho, arrumaram-lhe uma asponeria longe dos holofotes.
Pena que ele não colabora e vai se acidentar de moto exatamente num ponto de
prostituição no Rio. Já tinha saído da pauta.
O hackeamento dos bastidores da Operação Lava
Jato trouxe à luz a bandalheira do projeto político do então Ministro da
Justiça, Sérgio Moro.
Parceiro na subordinação aos interesses estadunidenses, aliado de primeira hora
– por determinação da CIA ou não – do Alto Comando no afastamento de um
possível acidente de percurso na eleição de 2018, enfraqueceu a possibilidade
do governo manter-se no ataque para que os generais exercessem o papel de
defensores.
O atacante virou atacado, tanto pelas relações bandidas com milicianos e
peculatos familiares, quanto pele desmascaramento da quadrilha que lhe dava um
status de moralidade, a ponto de passar despercebida até a blindagem que
fornecia.
Precisou ser afastado para não comprometer os passos seguintes.
Os militares carregarão sozinhos a conta da destruição da economia, da rede de
proteção social, das cadeias produtivas e dos mais de 600 mil mortos, em grande
parte por sua incúria, negacionismo e irresponsabilidade. Até da blindagem às
estrepolias familiares do presidente.
Era preciso um fato novo. E aconteceu, a ameaça de golpe de 7 de setembro.
continua http://fregablog.blogspot.com/2022/01/bandidos-e-mocinhos.html
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