domingo, abril 18, 2021

Cão que Ladra, Morde? Parte 1 – Ameaça, Covardia e Partido Militar

Diz a sabedoria popular que cachorro que muito late, não morde. 
Não é axiomático, umas vezes morde, outras é desdentado. E às vezes não morde mesmo, confrontado põe o rabo no meio das pernas, corre e fica latindo em distância segura.

Bolsonaro tem a mania de latir, não passa semana em que não verbalize uma ameaça a alguém ou a alguma instituição.
Com sua confusão mental, nem sempre o latido é muito claro, reveste-se de simbolismo metafórico, aciona sujeitos ocultos, tanto gramaticais como os difusos possíveis agentes ativos e passivos da ameaça.

Não, no se trata de raciocínio elaborado e sofisticado, é por incapacidade mental mesmo, mas dá margem a interpretações e especulações.

Pretende morder ou recuará para latir à distância? Se quiser morder, terá dentes?Na real, pretende concretizar o golpe a que vive ameaçar?
Ameaçar é uma característica sua.

Quando capitão insubordinado, ameaçou usar bombas em quartéis e na adutora do Guandu, como reivindicação salarial e, de quebra, espetar a responsabilidade na oposição à ditadura.
Aliás, terceirizar a responsabilidade pra tirar o seu da reta é outra de suas características marcantes.

Ameaça e não cumpre, comportamento típico do vira-lata. Joga culpa em alguém, comportamento típico do covarde.
Do vira-lata que late, não morde e, se confrontado, rabo no meio das pernas, uma fuga e volta a latir em distância segura.
Numa primeira abordagem, lembra muito Bolsonaro. Mas será também o comportamento do capitão-presidente?
Vamos pensar um pouco.

Bolsonaro foi a figura política que os militares da Aman, geração 70 especialmente, viram como ponta de lança para assumirem o poder político. Por 25 anos mantiveram-se afastados de governos, mas nunca pararam de cultivar o viés político, seu vício incapacitante de origem, nos seus ambientes sociais ou em Ordens do Dia comemorativas de golpes. Por isso a Comissão Nacional da Verdade, ainda que sem caráter penal, mas de resgate de uma quadra triste de nossa história, representou uma ameaça nas cabeças institucionalmente distorcidas
Como assim não estava apagada da história os crimes cometidos em nome do Estado?
Como assim queriam identificar ossadas de guerrilheiros do Araguaia ou de presos torturados à morte e depositados em Perus?
O capitão-deputado, por exemplo, vangloriava-se de um cartaz pregado à porta de seu gabinete na Câmara com a frase de que "quem gosta de osso é cachorro", debochando da pretensão dos familiares em identificar ossadas de seus parentes mortos. Em combate ou em torturas.
Como sempre, uma agressão, uma ameaça, um desrespeito, uma manifestação psicopática.

O capitão-presidente Bolsonaro simplesmente é uma criação estratégica do Alto Comando expandido, que fomentou sua infiltração na tropa, levou a política para dentro dos quartéis, criou as condições de ressuscitar o Exército como partido político de fato, não de direito.

E disputar o poder.

O golpe político parlamentar de 2016, de certa forma uma vingança pessoal de uma das figuras mais nocivas e tóxicas que já surgiram no cenário nacional, o Eduardo Cunha, aliado ao ativismo judicial com fins políticos propiciado pela figura, hoje se sabe traidora e em conluio com interesses estrangeiros, do juiz Moro, mancomunado com um grupo radioativo de procuradores ambiciosos de poder e dinheiro, criou o ambiente necessário para que o Exército entrasse novamente na disputa do poder político.
A gota d'água? A ousadia de se criar a mencionada Comissão Nacional da Verdade.

Refiro-me ao exército como a força de maior poder, maior extensão e maior tradição de disputa política desde o golpe republicano e hegemônica desde o abafamento da Revolta da Armada.

Pois bem, o Exército, por seus generais até então recalcados nas suas ambições políticas, limitada a reuniões saudosistas de empijamados no Clube Militar, percebeu o ambiente propício para voltar a agir como um partido político na disputa do poder. Como sempre, o comunismo era o pretexto.

O impedimento da então presidenta e a assunção de um vice impopular, compromissado com pautas neoliberais e frágil politicamente, associado à perseguição judicial contra a principal liderança político-popular a ponto de encarcerá-la sem provas, abriu espaço para que o Alto Comando do Exército  se infiltrasse nos poderes Executivo e Judiciário com representantes diretos.

Tanto o Executivo como o Judiciário passaram a contar com generais do Alto Comando, alguns ainda na ativa, em assessoramento (monitoramento) direto dos presidentes dos respectivos poderes.

No campo político, entraram de cabeça na promoção do ex-capitão insubordinado e só não expulso por circunstâncias corporativas, deputado do mais baixo nível da ralé parlamentar por 7 mandatos, nada confiável e bravateiro em todos os aspectos, porém uma figura política conhecida pelas polêmicas, latidos e ameaças.

Após quase 25 anos fora do ativismo político, seria muito difícil sacar um general outsider e dar-lhe viabilidade eleitoral.

Isso ficou patente pelas tentativas de mobilização popular em defesa de uma intervenção militar, com resultados pouco promissores e sem muito entusiasmo.

A saída era garantir a eleição do ex-capitão apesar de tudo o que era, insubordinado, trapaceiro, promíscuo com a bandidagem miliciana, despreparado, oportunista e reconhecido incompetente.

 A ameaça ao plano que necessitava ser neutralizada seria a possibilidade de Lula se candidatar.

Por isso o célebre tuíte do então Comandante do Exército, General Villas Boas, também insubordinado e criminoso, a brandir o fantasma de um golpe.
A covardia institucional – lembre-se que havia um membro da direção do Partido Militar, um general de Exército na ativa, colado no Presidente do STF – a levar informações e trazer recados ao pé do ouvido.

Afastada a ameaça, o Partido Militar, na figura daquele capitão-deputado oportunista, com o suporte das forças interessadas em comprar o Brasil, assumiu o poder.
Para garantia, colocou diretamente um vice-presidente do mesmo Partido Militar, do mesmo Alto Comando. Se necessário tirar o fantoche, assumiria diretamente o poder sem qualquer violação das regras do jogo. 

Reconheçamos, um plano bem desenhado para assumir o governo sem parecer mais um golpe.

Mas será que assumiu mesmo?







2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Com a quantidade de militares colocados em todas as principais instituições, partidos e ministério, eles acharam que tinham assumido politicamente. usando

4:13 PM  
Anonymous Anônimo said...

o capitão como cavalo de Tróia.

4:14 PM  

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