Diz a sabedoria popular que cachorro que muito late, não
morde.
Não é axiomático, umas vezes morde, outras é desdentado. E às vezes não
morde mesmo, confrontado põe o rabo no meio das pernas, corre e fica latindo em
distância segura.
Bolsonaro tem a mania de latir, não passa semana em que
não verbalize uma ameaça a alguém ou a alguma instituição.
Com sua confusão
mental, nem sempre o latido é muito claro, reveste-se de simbolismo metafórico,
aciona sujeitos ocultos, tanto gramaticais como os difusos possíveis agentes
ativos e passivos da ameaça.
Não, no se trata de raciocínio elaborado e sofisticado, é por incapacidade
mental mesmo, mas dá margem a interpretações e especulações.
Pretende morder ou recuará para latir à distância? Se
quiser morder, terá dentes?Na real, pretende concretizar o golpe a que vive ameaçar?
Ameaçar é uma característica sua.
Quando capitão insubordinado, ameaçou usar bombas em
quartéis e na adutora do Guandu, como reivindicação salarial e, de quebra,
espetar a responsabilidade na oposição à ditadura.
Aliás, terceirizar a
responsabilidade pra tirar o seu da reta é outra de suas características
marcantes.
Ameaça e não cumpre, comportamento típico do vira-lata.
Joga culpa em alguém, comportamento típico do covarde.
Do vira-lata que late,
não morde e, se confrontado, rabo no meio das pernas, uma fuga e volta a latir
em distância segura.
Numa primeira abordagem, lembra muito Bolsonaro. Mas será também o
comportamento do capitão-presidente?
Vamos pensar um pouco.
Bolsonaro foi a figura política que os militares da Aman,
geração 70 especialmente, viram como ponta de lança para assumirem o poder
político. Por 25 anos mantiveram-se afastados de governos, mas nunca pararam de
cultivar o viés político, seu vício incapacitante de origem, nos seus ambientes
sociais ou em Ordens do Dia comemorativas de golpes. Por isso a Comissão Nacional da Verdade, ainda que sem caráter penal, mas de resgate de uma quadra triste de nossa história, representou uma
ameaça nas cabeças institucionalmente distorcidas
Como assim não estava apagada da história os crimes
cometidos em nome do Estado?
Como assim queriam identificar ossadas de
guerrilheiros do Araguaia ou de presos torturados à morte e depositados em
Perus?
O capitão-deputado, por exemplo, vangloriava-se de um cartaz pregado à
porta de seu gabinete na Câmara com a frase de que "quem gosta de osso é cachorro", debochando da pretensão dos familiares em identificar ossadas de seus parentes mortos. Em combate ou em torturas.
Como sempre, uma agressão, uma ameaça, um desrespeito, uma manifestação
psicopática.
O capitão-presidente Bolsonaro simplesmente é uma criação
estratégica do Alto Comando expandido, que fomentou sua infiltração na tropa,
levou a política para dentro dos quartéis, criou as condições de ressuscitar o
Exército como partido político de fato, não de direito.
E disputar o poder.
O golpe político parlamentar de 2016, de certa forma uma
vingança pessoal de uma das figuras mais nocivas e tóxicas que já surgiram no
cenário nacional, o Eduardo Cunha, aliado ao ativismo judicial com fins
políticos propiciado pela figura, hoje se sabe traidora e em conluio com
interesses estrangeiros, do juiz Moro, mancomunado com um grupo radioativo de procuradores
ambiciosos de poder e dinheiro, criou o ambiente necessário para que o Exército
entrasse novamente na disputa do poder político.
A gota d'água? A ousadia de se criar a mencionada Comissão Nacional da Verdade.
Refiro-me ao exército como a força de maior poder, maior
extensão e maior tradição de disputa política desde o golpe republicano e
hegemônica desde o abafamento da Revolta da Armada.
Pois bem, o Exército, por seus generais até então
recalcados nas suas ambições políticas, limitada a reuniões saudosistas de empijamados no Clube Militar, percebeu o ambiente propício para voltar
a agir como um partido político na disputa do poder. Como sempre, o comunismo era o pretexto.
O impedimento da então presidenta e a assunção de um vice
impopular, compromissado com pautas neoliberais e frágil politicamente,
associado à perseguição judicial contra a principal liderança político-popular
a ponto de encarcerá-la sem provas, abriu espaço para que o Alto Comando do
Exército se infiltrasse nos poderes
Executivo e Judiciário com representantes diretos.
Tanto o Executivo como o Judiciário passaram a contar com
generais do Alto Comando, alguns ainda na ativa, em assessoramento (monitoramento) direto dos presidentes
dos respectivos poderes.
No campo político, entraram de cabeça na promoção do
ex-capitão insubordinado e só não expulso por circunstâncias corporativas,
deputado do mais baixo nível da ralé parlamentar por 7 mandatos, nada confiável
e bravateiro em todos os aspectos, porém uma figura política conhecida pelas
polêmicas, latidos e ameaças.
Após quase 25 anos fora do ativismo político, seria muito
difícil sacar um general outsider e dar-lhe viabilidade eleitoral.
Isso ficou patente pelas tentativas de mobilização popular
em defesa de uma intervenção militar, com resultados pouco promissores e sem
muito entusiasmo.
A saída era garantir a eleição do ex-capitão apesar de
tudo o que era, insubordinado, trapaceiro, promíscuo com a bandidagem
miliciana, despreparado, oportunista e reconhecido incompetente.
A ameaça ao plano que necessitava ser neutralizada seria
a possibilidade de Lula se candidatar.
Por isso o célebre tuíte do então Comandante do Exército,
General Villas Boas, também insubordinado e criminoso, a brandir o fantasma de um
golpe.
A covardia institucional – lembre-se que havia um membro da direção do Partido Militar, um general de Exército na ativa, colado no Presidente do STF –
a levar informações e trazer recados ao pé do ouvido.
Afastada a ameaça, o Partido Militar, na figura daquele capitão-deputado oportunista, com o
suporte das forças interessadas em comprar o Brasil, assumiu o poder.
Para garantia, colocou diretamente um vice-presidente do mesmo Partido Militar,
do mesmo Alto Comando. Se necessário tirar o fantoche, assumiria diretamente o
poder sem qualquer violação das regras do jogo.
Reconheçamos, um plano bem desenhado para assumir o governo sem parecer mais um
golpe.
Mas será que assumiu mesmo?
2 Comments:
Com a quantidade de militares colocados em todas as principais instituições, partidos e ministério, eles acharam que tinham assumido politicamente. usando
o capitão como cavalo de Tróia.
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