Bandidos e Mocinhos
Depois de tanto desgaste e com a associação fortalecida
entre as Forças Armadas e governo, tornando explícito quem governava de fato,
era necessária uma manobra para aparentar uma separação entre uma coisa e
outra. O papel do Ofensor e do Defensor precisava ser clarificado.
Militares de alta patente simulam um rompimento com o
governo, é necessário para figurar a existência de uma facção democrática e
legalista. Um pé no barco, outro no cais. Sempre é necessário um plano
alternativo nas mudanças de cenário.
As manobras são planejadas para coincidirem com o 21 de
abril e 7 de setembro É notável a tentativa subliminar de vincular à datas
importantes da nacionalidade. Notam o planejamento e sua cronologia?
O primeiro ato foi demitir o general intendente da ativa que
ocupava o Ministério da Saúde nos tempos protelatórios da cloroquina. Foi
agraciado com uma asponeria no Planalto, longe de holofotes.
Na sequência, a Ordem do Dia em comemoração ao golpe de 31 de março, em termos
dúbios, não enfáticos, mas de defesa da democracia.
O próximo passo ocorreria no entorno de 21 de abril.
Pois bem, tramada com antecedência, a primeira foi precedida por uma escalada
de ataques do presidente a instituições e a pessoas, tensionando a ponto de
figurar uma ruptura iminente. A bazófia indicava que teria o apoio das Forças
Armadas. O Comandante do Exército, contemporâneo de Aman do presidente, emite
uma manifestação legalista. O presidente determina ao Ministro da Defesa sua
substituição, o Ministro recusa-se. O presidente demite o ministro, indica um
substituto, que demite Pujol. Os outros comandantes, da Marinha e Aeronáutica,
se demitem em solidariedade.
Além dessa intenção, não tendo sido possível impedir a instalação da CPI da
Covid, era necessário impedir que fossem convocados os diretamente responsáveis
pela autorização a um general da ativa e outros militares também nessa situação
assumirem um cargos no Ministério da
Saúde.
Todo esse imbróglio é vendido imprensa como uma posição antigolpista das Forças
Armadas.
Pura figuração, era essa a idéia mesmo, fortalecer a figura do Defensor.
O reforço deveria acontecer na segunda dta marcante no imaginário popular: 7 de
setembro.
Após algum período de trégua, até porque as próprias
instituições começaram a temer as nuvens carregadas no horizonte, e aí a
atuação firme do Min. Alexandre de Morais foi importante, novamente o
presidente começa a escalar seus ataques institucionais e pessoais, mobilizando
sua claque e sinalizando com um golpe em 7 de setembro, data da libertação
nacional.
Dessa vez os ataques foram mais fortes com incentivos a mobilizações populares nas
principais capitais e com o viés de radicalização crescente. Em Brasília surgem
os acampamentos de militantes.
O presidente participa diretamente em dois comícios simbólicos, na Esplanada e
na Paulista. Em ambos prega explicitamente o golpe, com o ápice na Paulista em
que declara que não mais acolherá as decisões do Supremo e nem do ministro
responsável pelos inquéritos das atividades antidemocráticas.
O clima se acirra, os presidentes dos outros poderes repelem os atos, o Alto
Comando determina às PM que não o endossem e não mobilizam as tropas de apoio.
O golpe se frustra.
Claro, tudo programado, o presidente se humilha, pede
desculpas e busca apoio no Centrão, que já estava cooptado e negociado por um
general (que foi ainda na ativa para o governo), também colega do presidente.
Novamente é vendido à imprensa como uma demonstração e
legalismo das Forças Armadas, quando de fato elas montaram o cenário para
encenar a peça.
Tanto é que continuam participando ativamente do governo, com mais de seis mil
militares nos mais diversos postos do governo, desde os mais altos, como
ministérios, presidências de Itaupú, Petrobrás, Correios etc, até os de
escalões mais baixos, DAS 3 e 4.
Prepara-se o figurino do Defensor para 2022.
continua em http://fregablog.blogspot.com/2022/01/2022-batalha-final.html
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