terça-feira, março 25, 2025

Partido Militar IV - O Ocaso da Serpente

(Parte III em https://fregablog.blogspot.com/2025/03/partido-militar-iii-o-bote-da-serpente.html


O 8 de Janeiro é um dos episódios recentes mais veiculados, expostos. Um ataque não espontâneo aos prédios-sede dos Três Poderes da República.
Por sua dimensão - milhares de participantes, pela conivência das forças de segurança - partiram do Forte Apache e foram escoltados pela PMDF até às instalações, pela exposição - transmitida ao vivo em tempo real pela TV aberta e internet, pela gravidade dos danos - destruição predial e de obras de arte.
Não vou discorrer sobre ele, apenas salientar que movimento de tal monta não ocorre de forma orgânica, espontânea. Movimento de tal monta não prescinde de agentes agitadores, de pessoal treinado na condução de massas e sua manipulação.

A turba agiu exatamente como ensina a psicologia das massas quando levadas à euforia em revolta. A destruição. Nem sequer a Bastilha, castelo medieval de pedra, resistiu ao populacho mobilizado.
Esse é um dos fundamentos das operações especiais diversivas.
P.C.Wren, em seu romance excepcional e pouco conhecido chamado Beau Sabreur, relata exatamente o fenômeno de massas conhecido como estouro da boiada, quando um agente do exército francês, Raoul Andre de Redon, desvia a turba para objetivos inertes.
Pois bem, o objetivo da invasão e destruição não era nem o invadir e nem o destruir. Mas amedrontar as instituições, Apelar às forças de defesa, pedir socorro.
Tudo, afinal, que o Diretório Central do Partido Militar desejava. fazer das instituições reféns.
Foi por pouco, muito pouco. Há versões que atribuem a recusa à Janja, que com sua intuição feminina teria pressentido a manobra.
Não se sabe, nunca se saberá. Mas foi por pouco. 
A pronta atuação do Ministério da Justiça, por seu Ministro e pelo Secretário Executivo foram fundamentais para que o plano fosse abortado.
Pisaram na cabeça da serpente.
E como para comemorar o valor institucional, por uma dessas coincidências históricas que são simbólicas, no mesmo dia e mês de outorga da primeira Constituição do Brasil, em 1824, inicia a tramitação judicial para julgamento dos lideres golpistas, do fantoche a altos componentes do Diretório Central do partido Militar.

Pela primeira vez na história pátria os que se entendem acima das instituições democráticas, os que acreditam que as armas que a sociedade lhes provê possam ser utilizadas contra ela, os que se acostumaram à insubordinação sempre anistiada.
pela primeira vez na história pátria há disposição real de redefinir rumos, projetar um futuro em que nenhuma corporação pública ouse tentar tutelar o Brasil.
Esse dia 25 de março será, doravante, duplamente simbólico.