De Proscrito a Mito Parte V – Epílogo
E chegamos assim ao dia do primeiro debate entre presidenciáveis para a eleição de 2022, com o capitão antes proscrito por insubordinação e terrorismo, porém já agora transformado em Mito e utilizado como mamulengo do comando militar, tentando a reeleição por mais quatro anos.
Com isso, os políticos fardados estão a fechar os primeiros quatro
anos de exercício do poder. É cedo para emitir juízos sobre acertos e erros,
mas é incontestável que o Brasil piorou e desceu vários degraus como potência
emergente.
O alinhamento automático aos interesses estadunidenses não deu certo, Trump perdeu a eleição, um balde de água fria.
As medidas neoliberais de anulação da rede de proteção social não deram certo,
somente aumentou a miséria, a fome, a exclusão.
A leitura de cenário na pandemia foi equivocada, as apostas foram erradas.
O endividamento nacional explodiu, a inflação com recessão comprometeu o
desenvolvimento, nada deu certo no campo econômico.
Os políticos fardados, enquanto promoviam o arrocho geral, deram-se a si todas
as benesses e benefícios, em apetite voraz, desmoralizaram a instituição. De uma imagem anterior de respeito,
viraram tema de piada cáustica. Perderam a confiança popular.
Foram bem sucedidos, entretanto, na neutralização dos políticos togados e emplacaram dois ministros no STF, ao menos até agora, dispostos a alinhamento identitário ao governo.
De resto, precisaram terceirizar para grupos essencialmente
fisiológicos a gestão orçamentária, para não terem seu governo interrompido por
impedimento. Perderam o discurso da honestidade com o dinheiro público.
A tentativa de abrir uma dissidência figurativa com o governante não prosperou,
a manobra de criar o ofensor para poder se apresentar como defensor foi vista
como realmente é, uma fraude.
Como o mito forjado já possuía projeto próprio de poder familiar, a rede de
proteção às falcatruas anteriormente praticadas pela família presidencial, pelo aparelhamento dos Órgãos de investigação e blindagem na PGR, fragilizaram mais ainda mais a imagem dos políticos fardados, vistos como cúmplices.
Inevitável o ressurgimento das correntes de esquerda e centro-esquerda. O
resgate político de Lula, pelo reconhecimento das irregularidades processuais
dos políticos togados, trouxe-lhe novamente ao centro político.
Os planos de longo prazo no poder ficaram comprometidos. As ameaças de rupturas
institucionais não encontram eco, nem interna e nem externamente.
Preparam um recuo tático, um abandono temporário e terreno, o tempo para
reagrupamento.
Salvo algum acidente de percurso inusitado, os políticos
fardados, incluindo seu fantoche, serão alijados do poder. O objetivo agora
passa a ser mirar 2026, com a alternativa de interrupção antecipada por
impedimento.
Infelizmente, o fracasso dos últimos anos, apesar da queda de confiança da
sociedade civil à instituição Forças Armadas, ainda não será suficiente para
consensar e reconhecer sua inaptidão para a gestão e formulação de políticas
públicas.
Apesar de tudo, o câncer do protagonismo militar invadindo a política, fenômeno de origem histórica e de
difícil solução, ainda não está superado. A quantidade de candidatos militares aos
parlamentos neste ano é recorde. Uma boa parte incorporando ao nome sua
graduação, patente ou posto, em clara transgressão disciplinar. Uma violação à lei, mas apesar do discurso legalista,
de fato nunca se importaram muito em cumpri-la.
E na mais previsível tática militar, o terreno a ser abandonado foi minado, armadilhado. Algumas emendas constitucionais e práticas de gestão orçamentária transferem o caos deste
ano para o ano que vem, apostando que a insatisfação popular levará ao desgaste
precoce do novo governo.
A ver se o plano Dick Vigarista funcionará para 2026.
Ou mesmo antes vá se saber.
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