A Carta
Comentários (em vermelho) sobre uma carta aberta, tornada pública em redes sociais, dirigida a Santos Cruz, em decorrência de recente entrevista.
Prezado irmão de Arma Santos Cruz.
Nos debates transmitidos pelos diversos canais de televisão, eu confesso que não vi nenhum debate e sim uma "queda de braço" com inócuas trocas de ofensas, oportunidades que Bolsonaro perdeu de mostrar os grandes feitos do seu governo e divulgar as melhorias que planejava para o novo período caso fosse reeleito, deixando o oponente esbravejando e sem conteúdo para argumentar sua pretensa eleição.
O
missivista poderia ao menos relacionar os grandes feitos do seu governo. Isso
tem sido motivo de acalorados debates na tentativa de encontrá-los. Sem
sucesso, por óbvio.
Porém, por se tratar de assunto subjetivo, o que pode ser enaltecido por uns e
criticado por outros, estaria o missivista a se referir ao movimento antivacina
e antiprevenção que nos causou cerca de 700 mil mortos, ficando o Brasil com
11% dos registros de óbitos no mundo contra 3% de sua população. Ou a
destruição de políticas públicas, quem sabe a doação do patrimônio nacional?
Aposto, a capacidade de extrair jóias milionárias de sheiks árabes é um grande
feito mesmo. Coisa pra poucos.
Quanto ao "sequestro das cores e símbolos nacionais" eu discordo do amigo. Essa citação pode ser etendida como uma leviandade, pois Bolsonaro não sequestrou, ele resgatou nossas cores e símbolos, despertando no povo um sentimento mais forte, profundo, que vai além daquele superficialmente manifestado de 4 em 4 anos, por ocasião da Copa do Mundo, uma paixão pelo futebol e não pelo Brasil. Bolsonaro resgatou nossas cores, nossa bandeira e o sentimento nacionalista há muito abandonado pelas famílias, pelas escolas e neglicenciado até mesmo nos quarteis.
Vamos
desprezar os evidentes erros de digitação. Ocorrem com todos afinal e, no caso,
nem sequer comprometem o entendimento da mensagem. Vou me restringir ao mérito.
Afirma o missivista que Bolsonaro não sequestrou, mas resgatou nossas cores e
símbolos, nossa bandeira e sentimento nacionalista.
Ora, se resgatou, quem o haveria sequestrado? Houve esse sequestro?
Quando ao sentimento nacionalista, infelizmente o missivista o coloca em uma
posição muito rasa, superficial. Em geral pode-se afirmar que a capacidade de
aprendizado é limitada pela capacidade de abstração. Quanto menos profunda
esta, menor aquela. E sentimento nacionalista é essencialmente abstrato. Atribuí-lo
ao uso de uma cor e abandonar o ataque à soberania pela entrega de riquezas
nacionais parece um balanceamento um tanto esdrúxulo. Visão pequena, curta,
bitolada.
Além do mais, por serem símbolos nacionais, de todos, não devem e não podem ser
utilizados para representações político-partidárias. Temos aí um caso clássico
de sofismo primário e de inversão fática. O uso indevido ser classificado como
resgate.
Não
serei eu a definir o conceito de estratégia a um militar irmão de arma do
general. Afinal, estratégia e tática, ainda que massiva e por vezes
indevidamente utilizadas no ambiente civil, sua origem é militar. Se ele diz
que motociatas eram estratégicas, tudo bem. Pra mim estratégia é outra coisa.
Enfim...
Mas risível mesmo é a pretensão. Mostrar ao mundo e aos próprios brasileiros,
afirma o missivista. A irrelevância numérica dos participantes frente à
população e aos próprios eleitores, que dirá então ao mundo, que na visão do
missivista acompanharia avidamente e com
indiscutível engajamento as peripécias do candidato e que teria ficado
impressionado com tamanho das manifestações. Pagas com dinheiro público,
diga-se de passagem, coisa que o TSE e o TCU oportunamente irão questionar pelo
financiamento desses gastos eleitorais.
Mas observo um certo viés de gigantismo artificial na mensuração.
O mundo, ah, é demais mesmo.
Também discordo do amigo ao citar "derrota nas urnas", bem como "processo eleitoral, dois turnos e candidato eleito". Fico estarrecido ao ver tão brilhante pessoa e profissional que você é acreditar que houve lisura no último processo eleitoral. Que mais evidências serão necessárias para se perceber que o resultado da eleição foi conduzido descaradamente e ao arrepio das leis pelos STF e TSE. Que coincidência, mesmo tendo Rosa Weber como Pres STF, Alexandre de Moraes ter tomado decisões monocráticas neste tribunal e também presidido o TSE durante a votação e apuração do pleito!
Comento abaixo e
recomendo que revise o texto, ou que volte a estudar gramática. Assim fica
difícil entender.
Mas sim, pelo visto o missivista discorda do poder regimental de decisões
monocráticas de ministros do STF, como também do ministro presidir o TSE no
certame eleitoral. Sim, mas e daí, onde está o impedimento legal? As decisões
monocráticas a que se refere foram em sede de quê? No STF ou no TSE?
Parece que escutou o galo cantar, mas não sabe onde.
O que não me surpreende.
Há fortes indícios de que o processo eleitoral foi manipulado com evidente favorecimento ao ex-presidiário. O segundo turno foi mantido para minimizar o escárnio judicial/eleitoral e ao proclamado eleito já estava prometida a vitória desde a sua "descondenação". Não precisa mais que um nível de educação escolar básico para perceber a manobra engendrada. O que faziam os Órgãos de Inteligência durante todo esse tempo que não previram ou nada fizeram para evitar tão desastroso desfecho?
Ótimo,
agora o missivista esclarece seu confuso pensamento. Ufa!!!
Não há erro: sempre que alguém cita descondenação só explicita sua ignorância
jurídica e lógica. O que também não me surpreende vindo desse douto guerreiro.
Finalmente surgiu alguém para apontar os fortes indícios de manipulação no
processo eleitoral.
Mas
quais são mesmo esses indícios que o missivista afirma, mas não relaciona, não
diz? Trata-se de assunto de interesse coletivo, fundamental.
Eu
sugiro até que o MP abra um inquérito para investigar os fortes indícios e
arrole o missivista como depoente, detentor de informações tão preciosas quanto
ocultas e que todos queremos saber. Que todos precisamos saber.
E que leve à condenação todos os ministros que firmaram esse conluio para
desmoralizar o império das leis e o Estado Democrático de Direito. Ou o próprio
depoente, caso não consiga comprovar acusação tão séria.
Agora
a acusação adquiriu dimensão capaz de abalar os alicerces da República.
A vida nacional não gozava de um "prosseguimento normal" como você cita, já se encontrava totalmente anormal, manipulada, vilipendiada, aviltada por uma série de atos judiciais ditatoriais, visivelmente ilegais, com a conivência de um Legislativo inerte. Considerar normal a vida nacional nos últimos 4 anos é subestimar a inteligência do povo trabalhador e que deseja um Brasil livre e pujante.
Tenho a primeira
concordância com o missivista, não é normal mesmo um presidente pregar o
conflito institucional com manifestações de caráter essencialmente disruptivo.
Em português mais claro, golpista. A primeira já em menos de 120 dias do mandato.
Como também não pode ser considerado normal um presidente insuflar a desobediência
civil às medidas acautelatórias contra uma pandemia mortal, depreciar a única
forma de seu controle, a vacina, por briga política com um correligionário seu,
governador do estado que a desenvolvia.
Quem
haverá de considerar normal trocar em quatro anos cinco vezes a diretoria da
PF, sempre a cada vez que se aproximavam investigações sobre eventuais crimes pelos
herdeiros presidenciais, ou mesmo infiltrar o governo com militares da ativa em
funções civis, em flagrante desrespeito à instituição de Estado? E pior,
escolhendo a dedo os mais incompetentes, fazendo supor que todos são tão
despreparados que leva o descrédito até à própria corporação.
Se espremer, foi contra isso que Santos Cruz se manifestou. E com acerto. Seu
erro foi ter apoiado esse governo militar com uma máscara civil – o Fantoche –
até ser defenestrado e cuspido para fora com sugestões solertes, infames e
mentirosas de homossexualidade. Ou estou mentindo?
Não tenho conhecimento nem a percepção de que o Exército Brasileiro tenha sofrido traição ou que lhe tenha sido atribuída alguma responsabilidade no campo político. A neutralidade política de uma Força a torna apartidária, mas não a afasta das obrigações constitucionais. A fronteira entre a neutralidade e a omissão é uma linha tênue e diante das constatações de evidentes desmandos jurídicos e perseguição a um dos candidatos (que foi perseguido já durante todo o seu mandato), de atos inconstitucionais por parte do Judiciário, da inépcia do Legislativo e do abandono a um povo que clamava pela restauração da lei e da ordem, as Forças Armadas foram sim omissas.
Novamente
o douto guerreiro expõe toda sua má-formação intelectual e cívica.
Ele
ainda imagina, em devaneios, que competiria ao Exército decidir que seria sua obrigação
constitucional intervir nos Poderes constitucionais da República. É a isso que
chama de possível omissão.
Que povo que clamava por restauração da lei e da ordem? Só se for aquele que
clamava contra os desmandos e desordens provocadas exatamente com origem no Alvorada.
E que derrotou o projeto de ditadura neoliberal apoiada exatamente por quem? Por
gente como o missivista e até mesmo o Santos Cruz. Com a diferença de que este
não defendia ditadura. Uma exceção no meio, reconheço.
É possivel que Bolsonaro não tenha perdido a eleição, há evidências que o resultado foi manipulado. Maior que aquilo que você chama de "medo de assumir suas responsabilidades" foi a decepção de constatar a omissão das Forças Armadas, não para intromissão política, mas para restabelecimento da lei e da ordem, além de também constatar que nossos chefes militares são operacionalmente competentes apenas numa "sala de guerra" com ar condicionado e simuladores de última geração. Com algumas excessões, entre elas coloco a sua pessoa que fez um trabalho extraordinário na África, altamente operacional, exercendo sua liderança, demonstrando sólido conhecimento de como agir em área de conflito e indiscutível capacidade de comando. Enxergo em você, meu amigo, uma inexplicável contradição. Isso faz pensar que suas manifestações contra Bolsonaro são mais por mágoa ou questões pessoais do que uma análise do caótico quadro político que se instalou no nosso país.
Aqui ele insiste na
tese golpista, fajuta e ridícula da obrigação das Forças Armadas intervirem, a
moto e juízo próprios, na política.
Preciso classificar essa estultice, essa
asneira, como própria dos que desconhecem o papel de forças armadas num Estado
Democrático de Direito. Das cavalgaduras com limitada capacidade cognitiva que
não conseguem entender os fundamentos da política: a composição e
consenso. Diferentemente das Forças Armadas, alicerçadas em hierarquia e
disciplina. A política combina, as outras impõem. Ou tentam.
Não por acaso que nosso Brasil é infelicitado desde a proclamação da República
por esses comandantes mal formados. Quando não mal intencionados.
Finalizando (e como contribuição aos secundaristas que porventura leiam esse
texto), exceções não têm dois esses, tá? Cuidado pra não rodar no Enem.
Achei corretíssima a sua observação de que a obrigação de fazer uma orientação clara e honesta aos acampados era do Presidente da República e do Ministro da Defesa e não do comandante do Exército. Entretanto a omissão já acontecia quando o Ministro da Defesa era um militar, falo do Gen Ex Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, que se encolheu diante das atitudes ditatoriais do STF. Eu o conheci quando o mesmo era Ch DGP, parecia ter sido uma excelente indicação, mas ele decepcionou. Ao solicitar - o que deveria ser uma exigência - transparência do processo eleitoral, na linguagem chula da caserna Alexandre de Moraes "cagou pra ele" e ficou por isso mesmo. Alguém ouve falar dele? Recolheu-se à comodidade dos anônimos ou esquecidos.
Diante da ausência da ação do novo Ministro da Defesa ante o clamor da população e em defesa do Exército, a neutralidade do Comandante da Força Terrestre não pode simplesmente se justificar como uma atitude disciplinada. Assim como o limite entre neutralidade e omissão, também é tênue a linha entre disciplina e covardia. Caso o Cmt Ex se manifestasse não seria uma "decisão política descabida", mas sim um posicionamento claro de que a Força estava pronta para intervir em defesa dos interesses nacionais e dentro dos parâmetros assegurados pela Constituição Federal, já dilacerada pelos Poderes que harmonicamente deveriam cumpri-la. Tal atitude foi tomada pelo Gen Vilas Bôas e ninguém ousou dizer que era um posicionamento político, era constitucional, vejo-o como o último Cmt Ex com capacidade de liderar a Força. A insegurança e medo dos nossos chefes militares ficaram evidentes nas palavras do Gen Div Gustavo Henrique Dutra de Menezes quando disse "admirar a inteligência emocional do atual Presidente da República". Isso causou nojo.
Nota-se,
de minha parte com asco e nojo, o caráter golpista do missivista. Golpista e
ignorante, bajulador e puxa-saco. Vou ali vomitar e já volto.
É importante frisar que não trato aqui de defender Bolsonaro, assim como eu entendo que as numerosas manifestações verde e amarelo em todos os quadrantes do Brasil não foram pela figura de Bolsonaro e sim pela liberdade, pela família, pela decência, pela moral, pela democracia que naquele momento tinha o Presidente da República como seu legítimo representante. Foi um ato impessoal, um ato democrático.
Li
algumas vezes para entender que se referia às manifestações como atos
impessoais e democráticos. Pela família, pela decência, pela moral, pela democracia. Arghhh!!!
Não!
Qual das três famílias do presidente se referia? E qual decência? A das joias e
rachadinhas? Dos pagamentos em grana viva? Dos imorais valores abusivos nos
cartões corporativos? Ou seria pela liberdade de fazer apologia a crimes, como os dispostos no art 379 do CP, nas alíneas incluídas quando da revogação da LSN?
Afinal, liberdade para promover e praticar quais crimes o missivista defende?
O clamor junto aos quarteis seria realizado com João, José, Pedro, Antônio ou quem quer que fosse o representante legal do povo brasileiro, qualquer indivíduo que demonstrasse a coragem que Jair Messias Bolsonaro teve de expor toda a podridão existente na "harmonia" entre os três poderes, apoiada por entidades e pessoas que se refestelavam com a iniquidade fantasiada de autoridade.
Não é justo atribuir a Bolsonaro a pecha de covarde. Se a perseguição à pessoa dele era implacável tendo-o como Presidente da República, imagine o que poderia acontecer no dia seguinte à entrega do cargo?
Também é precipitado dizer que Bolsonaro fugiu. É mais prudente e
elegante dizer que ele se ausentou para não ter a covardia de passar a faixa ao
presidente supostamente eleito, isso seria admitir veracidade no resultado da
eleição. Também não foi passear em Miami. Se você estivesse na pele dele, vendo-se
abandonado e traído pela instituição na qual sempre confiou e enalteceu, também
buscaria um lugar seguro para garantir que não seria tolida a sua capacidade de
continuar lutando em nome do povo e em prol da democracia e do Brasil. Como bom
militar com experiência em conflitos você também evitaria correr o risco de
perder a sua "capacidade de manobra". Você tem vivência na
administração pública, no meio político e doutorado em estratégia, então
digamos que o afastamento do ex-Presidente foi estratégico e não um ato covarde
como pode parecer a você ou a qualquer pessoa que não tenha simpatia pela
figura polêmica, desajeitada, mas sincera de Jair Messias Bolsonaro.
Ora, não é covarde e
nem fugiu pra Miami. Apenas é especialista em tirar o seu da reta e deixar
queimar seus companheiros. Fuga? Que nada, apenas saiu magoadinho porque gente
como o missivista lhe teria abandonado. Agora mais essa, foi traído.
Mais elegante para o sofismático missivista seria afirmar que, em vez de fugir, Bolsonaro teria dado meia-volta e avançado em marche-marche valentemente.
Por falar nisso, o tolido no texto deve ser lido como tolhido, do verbo tolher.
Não deriva de tolo, embora ao missivista possa gerar alguma confusão. Cuidado
com o Enem, secundaristas.
Meu prezado Santos Cruz, eu o admiro como pessoa, como companheiro e como profissional exemplar, portanto essa minha manifestação não tem a finalidade de polemizar ou alimentar divergências, particularmente no nosso meio militar e no fraterno ambiente da nossa magnífica Turma Integração Nacional, mas sim de alertar que o "outro lado" também tem suas "críticas originadas por oportunismo, fanatismo político, frustrações pessoais, heroísmo de internet, falta de noção de disciplina, de respeito e de limites do que é liberdade de opinião". Há muito venho acompanhando suas falas entre artigos, entrevistas e manifestações no âmbito da nossa turma, todas têm uma referência condenatória ao ex-presidente. Estou aguardando que você esqueça Bolsonaro e faça algum pronunciamento ou menção sobre o atual governo e as perspectivas para o Brasil ao caminhar "sob nova direção". Será que está melhor?
E agora envereda
novamente pela mais rasteira retórica bajulatória, ou mais espetacular
falsidade, a depender do estado de espírito do leitor.
Em vez de cobrar, que faça o missivista ele próprio a avaliação do atual
governo. Exige de terceiros o que lhe falta capacidade de elaborar? Pois exponha suas considerações, laudatórias
ou críticas, pouco importa. Porém, um conselho, use o corretor.
Pega mal a um bacharel com mestrado e talvez doutorado, ainda que por óbvio
pouco formado em letras, cometer certos erros léxicos e lógicos.
Pode até envergonhar seu irmão de arma.
Com minha admiração e respeito, um grande abraço.
Alves Filho
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